sábado, 9 de junho de 2018

Mulheres se revoltam com fala de apresentador e protestam pedindo demissão em frente a emissora


Mais um famoso causou revolta após uma fala durante o programa em que apresenta na televisão. O apresentador Sikeira Júnior, que já ficou famoso por disparar contra maconheiros em 2016, dessa vez disparou contra algumas mulheres. Em seu "Cidade em Ação", que apresenta na afiliada RedeTV! na Paraíba, Siqueira disse que mulheres que não pintam as unhas são sebosas e ainda classificou uma rapper como “feminista mal amada, obesa e revoltada”, o que irritou profundamente grupos como a Articulação de Mulheres Brasileiras e Mulheres em Luta.

“Minha mãe já dizia: ‘Juninho, escolha sua namorada, sua mulher, sua noiva, pelo pé. Mulher que não pinta a unha do pé é sebosa’. Repita comigo, igreja: mulher que não pinta a unha é…”, disse o apresentador na ocasião. Em coro, a produção da atração gritava “sebosa”, completando o discurso de Sikeira. Um grupo de mulheres se reuniu em frente à estação de TV para protestar contra o jornalista. Elas pedem a saída de Sikeira da emissora. No Facebook, a rapper Kalyne Lima se manifestou e criticou duramente o profissional.

“A TV Arapuan, que sempre pareceu prezar pelo bom serviço, que conta com excelentes profissionais, alguns de que tenho o privilégio de conhecer e aprender, está prestando um desserviço à Paraíba ao trazer essa figura chamada Sikera Junior, que hoje disse em alto e bom som, que mulher que não pinta a unha é ‘sebosa, nojenta’, inclusive solicitando que sua ‘igreja’ repetisse em coro tais agressões. Eu só digo uma coisa, em pleno século 21, a última coisa que precisamos é de macho escroto, preconceituoso, machista, misógino e emocionado, ditando regra para as mulheres. Então TV Arapuan, segure a onda porque o boicote é inevitável”, escreveu.

Ironicamente, ele respondeu a crítica no programa seguinte: “Ligou uma feminista, normalmente mal amada, o marido deixou porque não aguentou ela, não é? Vira cantora de rap. Não tenho problema porque você ficou obesa, inventou de ser cantora, não tenho nada a ver com isso, é problema seu. Você é mal amada, ninguém te quer, então você fica revoltada com as brincadeiras que a gente faz aqui. Se você está achando que eu vou mudar, eu não vou mudar. Se você vir via Justiça para me processar, fique à vontade. Garanto que você vai perder porque é pequeno. Você vai perder tempo e dinheiro”, disparou.

A emissora também se pronunciou, e afirmou não compactuar com as falas do contratado: “As ideias expressas no programa ‘Cidade em Ação’, conduzido por Sikera Junior, refletem o pensamento do apresentador –e a despeito de estar sempre atento às responsabilidades que lhes são atribuídas sobre todos os temas abordados em seus produtos jornalísticos, o Sistema Arapuan não necessariamente comunga com os valores defendidos por seus profissionais –cujas ideias jamais são tolhidas em respeito a um princípio inalienável: o direito de expressão livre e plural. Pedimos sinceras desculpas a todos que se sentiram ofendidos e reafirmamos nosso compromisso com a Paraíba e com os paraibanos”, comunicou.






São João do Instituto dos Cegos será celebrado em homenagem ao cantor Dominguinhos


A tradição de alegria garantida no calendário junino de João Pessoa, a festa de São João do Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha (ICPAC) será realizada no próximo dia 15, a partir das 19h, na sede do Instituto, Av. Santa Catarina, 396, Bairro dos Estados, com entrada franca. 

O evento é celebrado há 23 anos e, nesta edição, homenageará o cantor e compositor brasileiro Dominguinhos, ícone do forró.

Com o tema “Isso aqui tá bom demais!”, o São João do ICPAC terá uma programação especialmente pensada para uma noite de forró pé de serra e muita animação. Entre as atrações, estão Os Maiorais do Forró, O Chameguinho do Forró e o trio Forró Pezzado, composto por alunos e ex-alunos do ICPAC. 

A Quadrilha do Coronel Laurentino, uma das poucas no Brasil formada por casais de deficientes visuais, também já preparou a coreografia, sob o comando das professoras Erluce Pinto e Albaniza Santos.

A descontraída tradição também inclui a escolha do rei e da rainha do milho, além da Ciranda Inclusiva, do sorteio de balaio e da venda de comidas típicas nas barraquinhas juninas. Toda a arrecadação será destinada para a manutenção das atividades educacionais e de reabilitação promovidas pelo Instituto.

“Essa festa é preparada em momentos mágicos de união, carinho e dedicação entre alunos, professores e voluntários do ICPAC, ao longo de um ano inteiro. A cada edição, recebemos mais visitantes e isso realmente nos deixa emocionados e empenhados em fazer cada vez mais bonito. Por isso, algo me diz que esse ano será o mais animado de todos!”, comenta a presidente da Instituição, Valéria Cavalcanti, convidando os paraibanos para essa grande festa.

O Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha é uma Organização da Sociedade Civil – OSC, de caráter filantrópico, que já atendeu mais de 12 mil deficientes visuais em seus 74 anos de história.

Mais informações podem ser adquiridas através dos telefones: 

(83) 3244.6220 
(83) 3244.7264 
(83) 99887.9874 
(83) 98119.2181

Fonte: ClickPB

sexta-feira, 8 de junho de 2018

“Agroecologia e arte são meios de resistência", diz Letícia Sabatella


Com a Trupe dos Encantados, grupo cultural do MST, a atriz Letícia Sabatella saudou os presentes à 17ª Jornada de Agroecologia, no Teatro Guaíra, com música e cordéis. Destacou em sua fala a importância da cultura brasileira como resistência. Em entrevista exclusiva para o Brasil de Fato, a atriz relata seu aprendizado com as tribos indígenas sobre o uso da arte para a cura de si, do próximo e da sociedade. Também afirma que a agroecologia é um dos pilares para a construção de um futuro sustentável, mais justo e equilibrado

A Jornada de Agroecologia, em sua 17º edição, é inédita por ser realizada num centro urbano. Como você vê essa aliança entre campo e cidade e também a agroecologia como forma de luta e resistência?

 Tudo vem da natureza, o que nos nutre, o que nos veste, o que nos embeleza, o que nos cura. A cidade é o processo já em outro estágio. Não pode, portanto, existir uma coisa dissociada da outra, pois a cidade é a natureza que se transformou em várias coisas, através de uma artesania humana e industrial. Como podemos pensar a sustentabilidade da nossa qualidade de vida sem considerar quem vive lá da agricultura familiar produzindo o alimento mais saudável que a gente na cidade pode ingerir. Nossas florestas, por exemplo, para terem essa magnitude, foram cuidadas por tribos. Tudo o que existe em termos de natureza precisa muito da colaboração humana como um ser que se perceba brotando da natureza tanto como.


Concretamente como fazemos essa conscientização sobre a importância do cuidar da vida?

O melhor raciocínio para que isso possa acontecer parte de um princípio muito amoroso, muito solidário, muito cidadão e muito democrático. A agroecologia une muitas causas. Falamos de consciência de igualdade, qualidade de justiça social, de justiça ao homem do campo, de justiça as nossas tribos, aos povos originários, aos povos quilombolas. A reflexão que temos que fazer é como podemos fazer justiça a todas as pessoas que produzem o que a gente come e veste.


Como você vê o papel da agroecologia nas crises que vivemos em todo o mundo?

Onde podemos encontrar o equilibro de uma sociedade que possa ter o bem como maior força. A agroecologia nos ensina a ser, e não a ter. O equilibro que vai gerar a sustentabilidade, vai gerar perenidade, vai permitir que a gente continue existindo, que possamos ter um pensamento utópico realizado e evitar o pensamento adoecido. Quantas doenças podem deixar de existir se trouxermos mais equilibro para nossas vidas, ter alimento e água de qualidade, ter sombra, acolhimento. Isso faz parte do cuidar do corpo, do corpo do próximo e do corpo que é a terra, que nos nutre. Não podemos ver a terra como recurso que vai gerar recurso imediato, mas como um ser sagrado, uma casa.


Você se apresentou na abertura da Jornada da Agroecologia com o grupo de cultura do MST, que tem uma tradição importante de unir arte e a política de resistência. Qual a importância da voz dos artistas nesta atual conjuntura?

É total importante o papel da cultura. Eu conheci a tribo Kraô, e nela a figura do palhaço Rotxuá. Era algo que eu intuía e vivia, que o palhaço sagrado que são artistas ali na tribo, um cantador, são fundamentais para que exista saúde na tribo. O palhaço na tribo é tão importante quanto o cacique e o pajé. É fundamental a existência desse ser que brinca e mostra o valor do diferente, do diverso, e que derruba autarquias, quebra autoritarismos, que faz a tribo ter uma autoestima e um olhar amoroso para o outro. Por isso acho que a gente só vai ter saúde, assim como ensinaram os romanos, mente sã, corpo são, se a gente tiver tanto espaços de sobrevivência quanto de transcendência. Então, a agroecologia e arte são meios de resistência para uma sociedade mais amorosa e justa. Através da arte trazemos saúde e esperança para saber driblar crises, carestia, tempos ruins.

Fonte: Brasil de Fato

quinta-feira, 7 de junho de 2018

A Ordem é Samba


O projeto mensal “A Ordem é Samba” vai celebrar o São João dando uma dinâmica diferente a este festejo tão importante no Nordeste, com o grupo Trem das Onze trazendo um repertório especial de muito samba, baião e coco pra ninguém ficar parado. Esta edição acontece no sábado (09), com buffet da deliciosa feijoada da casa (com opção vegana), a partir das 13h no Centro Cultural Espaço Mundo e conta com as participações especiais.


Valor: R$ 10

Hora: 13h00

Local: Centro Cultural Espaço Mundo - Praça Antenor Navarro - Varadouro, João Pessoa - PB

Fonte: Jornal da Paraíba

terça-feira, 5 de junho de 2018

Funesc inscreve até 20 de junho para segundo módulo do Curso de Teatro


A Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) está com inscrições abertas para o segundo módulo do tradicional Curso de Teatro, em João Pessoa. O tema do curso, que é oferecido há mais de 20 anos, será “Mergulho Teatral – A busca pela representação realista”. As matrículas e mensalidades custam R$ 60. São 20 vagas.

Inscrições são até 20 de junho. As aulas acontecerão inicialmente às terças e quintas-feiras, das 19h às 22h. O investimento é de R$ 60 por mês. Os interessados em participar deverão mandar uma carta de intenção para o e-mail teatrofunesc@gmail.com (com a devida comprovação de que já têm experiência na iniciação teatral).

O processo se dará em etapas que vão desde o conhecimento do indivíduo/grupo, jogos dramáticos, técnica vocal e corporal, expressão corporal, iniciação à interpretação cênica, elaboração e definição de roteiro, elaboração de esquete/espetáculo e apresentação.

Serviço

Segundo módulo do Curso de Teatro da Funesc

Duração: 8 meses
Total de vagas: 20
Faixa etária: a partir de 17 anos
Matrículas: R$ 60
Período de matrícula: até 20 de junho
Início das aulas:
Aulas: 19h às 22h, terças e quintas-feiras
Inscrições através do e-mail teatrofunesc@gmail.com
Informações: 3211-6225

Fonte: Funesc

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Sebrae lançará capacitação voltada para artistas e grupos culturais


O Ministério da Cultura firmou hoje (04) com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) um convênio para oferecer formação a empreendedores da economia criativa. Segundo o presidente do Sebrae, Afif Domingos, o objetivo é dar qualificação administrativa aos artistas e grupos culturais para que possam tanto ter equilíbrio financeiro, como também prestar contas adequadamente quando forem beneficiados por leis de fomento. “Cultura é um negócio. Ela tem que ser tratada com essa visão de um negócio. E, geralmente, os empreendedores da cultura tem essa dificuldade”, enfatizou em entrevista à Agência Brasil.

Os cursos serão lançados, de acordo com Domingos, a partir das demandas apresentadas pelo ministério. As formações poderão ser presenciais ou virtuais. “Com essa aproximação, o Sebrae tem know how para montar os cursos de acordo com a demanda”, ressaltou. Ele lembrou que a maior parte dos empresários do setor cultural são micro ou pequenos empreendedores. Em 2017, o Sebrae atendeu mais de 14 mil negócios vinculados à economia criativa.

Muitos desses negócios são micro empreendedores individuais (MEIs). Afif disse que a figura jurídica, criada em 2008 para abranger pessoas que trabalham por conta própria, permitiu aumentar a formalização do ramo da cultura. “O MEI foi importantíssimo para a indústria da cultura, porque tudo que era informal pode se formalizar. Em uma peça de teatro, o iluminador é um terceirizado, não é um empregado direto. Então, você tem uma multidão de terceirizados na montagem de um espetáculo”, exemplificou.

A formalização dos serviços prestados para apresentações e produtos culturais é, segundo o presidente do Sebrae, um fator importante para evitar problemas na prestação de contas de recursos recebidos do Ministério da Cultura ou outros órgãos públicos. “A construção do espetáculo dentro da formalidade para não dar problemas na prestação de contas ao ministério é um dos grandes papeis nossos no convênio”, acrescentou.


Edital

Também com o viés de fomentar a cultura como negócio, o Ministério da Cultura lançou na semana passada o edital para participação no Mercado de Indústrias Criativas do Brasil. O evento deverá reunir empreendedores culturais brasileiros e estrangeiros de 5 a 11 de novembro em São Paulo. Serão contemplados dez setores, incluindo audiovisual, artes cênicas, moda, gastronomia e design.

Serão disponibilizados R$ 386,4 mil para conceder auxílio financeiro aos participantes do encontro. As inscrições podem ser feitas pela página do Ministério da Cultura de 28 de maio a 27 de junho. Os selecionados receberão ainda uma formação sobre participação em rodadas de negócios internacionais oferecida pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil).

Fonte: Agência Brasil

César Menotti causa revolta ao dizer que samba é coisa de bandido


César Menotti, que faz dupla com Fabiano, causou indignação no público após fazer uma piada de gosto duvidoso durante sua participação no “Altas Horas”, da TV Globo, na madrugada do último domingo, 3.

O cantor disse que “samba é música de bandido” em um contexto um tanto polêmico e gerou revolta nas redes sociais.

Tudo começou quando o sertanejo disse que, em um show realizado em um presídio, fãs pediam músicas que a dupla não sabe cantar. “Eu falei ‘desculpa, é que realmente a gente não sabe cantar nenhum samba’. E o Fabiano [disse] ‘e tem mais, na minha opinião, samba é música de bandido'”, disparou Menotti.

A ‘brincadeira’, para surpresa de muita gente, levando aos risos Serginho Groisman, apresentador da atração, a plateia do programa e os convidados Pedro e Alberto Bial.

Após tomar conhecimento da repercussão negativa da declaração, Menotti postou um vídeo no Instagram pedindo desculpas e afirmando que a piada não deveria ter sido levada a sério.

"Uma piada, mesmo que tenha sido de mau gosto, não representa minha opinião. Respeito o samba e principalmente os artistas e fãs que defendem essa bandeira da cultura nacional. Peço perdão aos que se ofenderam, mas definitivamente uma piada não é uma opinião", explicou.

Apesar disso, a sambista e deputada estadual Leci Brandão (PCdoB) fez questão de se manifestar sobre a polêmica gravando um vídeo em que manda uma indireta à dupla.

"Quero dizer para o senhor César Menotti, não conheço o trabalho, que samba não é música de bandido. Bandido para mim é quem compra a mídia para a gente ouvir um tanto de música que não leva o país a não ter nenhuma reflexão, nenhuma consciência. Isso é bandidagem. Bandidagem para mim é fazer com que cultura seja toda direcionada a quem tem poder. E o samba graças a Deus ainda tem gente que leva reflexão e bons pensamentos para a democracia deste país", declarou.



Confira algumas reações sobre o assunto abaixo:


Fonte: Catraca Livre



domingo, 3 de junho de 2018

Poesias positivas: antologia “Tente entender o que tento dizer” reúne poetas para abordar HIV




Como a literatura ajuda a entender o impacto de quem se descobre soropositivo? Os significados de se relacionar com pessoas que vivem com o vírus podem ser traduzidos em versos? A abordagem do tema do HIV/Aids nas artes é uma estratégia política? Pode a poesia se contrapor à infecção? Como? É possível uma literatura do HIV/Aids? 

A coletânea de poesias “Tente entender o que tento dizer: poesia + hiv/aids”, que a Bazar do Tempo publicou em maio, suscita questões como essas. O livro traz 96 poemas que abordam o tema direta ou indiretamente, sob organização do poeta e jornalista Ramon Nunes Mello. 

Poeta e jornalista, Ramon Nunes Mello
Além de fazer uma antologia da produção brasileira em verso sobre o tema, a obra também apresenta criações inéditas, feitas a convite do organizador por autores de diferentes gerações, gêneros, raças e sorologias. Dentre os poetas mais conhecidos da obra estão Angélica Freitas, Antônio Carlos Secchin, Chacal, Silviano Santiago, Victor Heringer e Viviane Mosé.

A motivação da obra remete a 2012, quando Ramon, aos 28 anos, recebeu o diagnóstico: reagente, HIV positivo. Sua primeira reação, ele diz, foi de desespero: iria morrer? Não mais namoraria nem faria sexo? Como seria a vida dali para frente? “Tive de enfrentar meus medos e rever a forma de enxergar o mundo. Não foi fácil. Procurei amigos, familiares e conhecidos para me entender perante a vida”, conta. 

Em 2015, o poeta discutiu publicamente o assunto, no texto “O sentido de urgência: a necessidade de se conversar sobre o HIV”, publicado na “Carta Capital”. O artigo contava como, vencido o pavor inicial, a infecção o levou a mudanças na relação com corpo, mente e espiritualidade, por meio, por exemplo, da prática do ioga, da meditação e do uso da ayahuasca. 

Falava ainda sobre como o HIV não mais significava uma sentença de morte desde o coquetel antirretroviral. E justificava a razão do próprio texto: "É preciso acabar com o tabu, romper com a representação de que o HIV é igual à morte (...) compartilho publicamente o meu diagnóstico porque hoje tenho consciência de que a visibilidade pode modificar minha realidade e colaborar com aqueles que passam pela mesma experiência"

A antologia é mais um encadeamento dessa mesma cadeia. O poeta afirma que, ao pegar o diagnóstico, buscou referências na literatura. Embora encontrasse textos mais antigos – incluindo cartas públicas de Caio Fernando Abreu, de onde veio o título do livro –, não achava produção substancial na poesia brasileira contemporânea. Isso o levou a postar no Facebook, convocando conhecidos a escrever. Mais convites se seguiram. Não houve seleção por fatores como sorologia porque, segundo Ramon a epidemia “diz respeito a todos. Todos estão sujeitos a conviver com ela, direta ou indiretamente”. 

A intenção principal da obra, diz Ramon, não é política, mas estética. O poeta diz não desejar apresentar “reivindicações”, mas testar como o tema pode ser tratado na poesia. “Se a arte poética tem uma contribuição que a diferencia de outras formas de expressão, esta é mostrar dimensões subjetivas e diversas do tema. Isso permite expandir as maneiras como falamos sobre o HIV, indo além dos dados médicos e estatísticos e transformando os seus significados”, diz.

Uma das ideias a orientar a coletânea é a de que “o verdadeiro vírus é a linguagem”. A noção foi formulada pelo escritor norte-americano William S. Burroughs, que desenvolve a premissa de que a humanidade está infectada pela linguagem, um meio ao mesmo tempo de comunicação e de controle. Ramon afirma que “se a linguagem é um vírus, conseguimos afetar o outro conversando sobre a questão ou escrevendo”. Esta convicção, ele diz, o levou a grafar “hiv” e “aids”, em minúsculas, no livro. “Não quero dar protagonismo ao vírus, nem ao medo. A vida é muito mais importante”.

Linguagem, memória, corpo 

O livro divide-se em três partes: linguagem, memória e corpo. Na primeira, diz o organizador, estão os poemas mais subjetivos, que mais se aventuram na investigação de até onde um discurso poético consegue ir ao falar sobre HIV/Aids. 

Na segunda, a lembrança da geração que passou pelo período entre o início da epidemia, em 1982, e a introdução da terapia antirretroviral, em 1996, se faz fortemente presente. Na época, a expectativa de vida de quem era diagnosticado soropositivo era de um ano. O tema da memória, observa Ramon, aparece “principalmente entre os poetas mais velhos, que perderam muitas pessoas”. 

Na parte sobre o corpo, alguns poemas se referem à vida permeada por remédios. Nas palavras de Ramon, a vida de quem é soropositivo “tem uma relação com os remédios e com o tempo controlado pela medicação. Há também efeitos colaterais até o fim da vida”. O tema da sexualidade também aparece muito. “Como se trata de um vírus que enfraquece a imunidade das pessoas, que ataca diretamente o corpo, essa questão é muito latente”, diz Ramon. 

Para o poeta, esta relação com a sexualidade é uma das explicações sobre por que o HIV/Aids ainda é tabu e continua a se propagar. Segundo as Nações Unidas, 830 mil pessoas no Brasil têm a sorologia positiva; dessas, 112 mil não o sabem. “As infecções ainda ocorrem devido ao desmonte das políticas de HIV e ao avanço do conservadorismo. Nós, enquanto sociedade, não levamos a informação às pessoas. Antes de meu diagnóstico, o tema não era conversado entre meus amigos ou pares. Quando você vai transar com alguém, ninguém pergunta se você fez o teste”, diz Ramon. 

Em debate na Livraria Leonardo da Vinci sobre o livro na semana passada, o escritor e ensaísta Silviano Santiago afirmou que os poemas do livro abordam “sempre o amor e a morte”. Ele ressaltou que o que o “fascina na Aids é que somos todos iminentes. Estamos todos programados para amar e para a morte”. O professor de Comunicação da UFRJ Denilson Lopes, por sua vez, afirmou que o livro constrói uma história do HIV distante dos grandes fatos. Para Denilson, há na obra uma história feita a partir do corpo, “que tem e carrega marcas do passado”. 

Ramon destaca que “a questão do HIV é muito complexa e diversa. Tentamos trazer uma diversidade de vozes. Em momento algum o livro pretende esgotar o assunto. Em meio ao trabalho da poesia, há preconceito, estigma e morte, sobretudo de populações mais vulneráveis. Quero fazer uma radiografia de como gerações de poetas antigos e novos enxergam a questão. Isso não significa que ela esteja resolvida”.

Fonte: Jornal do Brasil

Arraial da Capital tem programação com shows e quadrilhas juninas

Renata Arruda fará show no próximo final de semana na Casa da Pólvora (Foto: Reprodução)
O Arraial da Capital 2018 teve início na noite de ontem (02), no centro da cidade de João Pessoa. A programação conta com apresentações de quadrilhas juninas e shows de cantores como Renata Arruda, Swing Nordestino, Gitana Pimentel, Os Três do Xamengo, entre outros.

Os festejos acontecerão no Centro da cidade, no Bairro do Roger e na Feirinha de Tambaú.

Confira a programação que continua neste domingo (3) e continua no próximo final de semana:


Fonte: ClickPB