sábado, 26 de maio de 2018

Documentarista Silvio Tendler volta às telas denunciando a especulação bancária em ‘Dedo na ferida


Cheio de projetos em andamento, entre eles um filme sobre o poeta Ferreira Gullar e um longa-metragem baseado nas reflexões filosóficas do livro “A alma imoral”, do rabino Nilton Bonder, Silvio Tendler mantém, aos 68 anos, a fama de ser um dos mais prolíficos diretores do país, sendo o único documentarista brasileiro a ter no currículo um blockbuster. O termo define longas cuja bilheteria supera a marca de um milhão de ingressos vendidos, feito que ele alcançou em 1981, com “O mundo mágico dos Trapalhões”: somou 1.892.117 pagantes documentando Didi, Dedé, Mussum e Zacarias em seus bastidores. 

Antes de filmar Renato Aragão e cia., Tendler ganhou notoriedade ao arrastar 800 mil pessoas aos cinemas para ver “Anos JK – Uma trajetória política” (1980). Com “Jango” (1984), somou cerca de 500 mil olhares a seu rol de fãs, consagrando-se como o mestre do trânsito entre a História e o audiovisual na produção documental brasileira. É com esse status de campeão de audiência que ele volta às telas, após um hiato de sete anos (“Tancredo, a travessia” foi seu último lançamento), com “Dedo na ferida”, um ensaio geopolítico sobre a especulação bancária que estreia nesta quinta-feira, referendado pelo troféu Redentor de júri popular no Festival do Rio de 2017.

Na tela, o cineasta costura frases ferinas sobre o papel cancerígeno do capitalismo e da mecânica dos bancos em nossa sociedade. Até o cineasta franco-grego Costa-Gavras (de “Z”), um mito do thriller político, entra nesse papo, falando sobre democracia. A melhor das frases vem do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos: “O capital financeiro é o inimigo de qualquer Justiça”. A jornada de um podólogo que vai, dia a dia, de Japeri para Copacabana, num trajeto de 1h44m de trânsito pelo Rio de Janeiro, calça a narrativa jogralesca do diretor.

Silvio Tendler, o produtor Cavi Borges e integrantes da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ) vão debater “Dedo na ferida” na próxima segunda-feira, no Reserva Cultural, em Niterói, às 20h30. Na quarta, dia 30, às 21h, ele vai ao Estação Net Rio falar sobre escolhas estéticas. Na entrevista a seguir, arte e militância se misturam numa análise sobre o lugar dos bancos na realidade econômica da contemporaneidade. Na quinta, o filme entra em circuito no Rio, Brasília, São Paulo e Porto Alegre. O documentário recebeu o prêmio do júri popular no Festival do Rio de 2017.

Fonte: Jornal do Brasil

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